terça-feira, 31 de maio de 2011

José Silvio Amaral Camargo

"Então Zeus cindiu os Titãs em dois, por temer o seu poder, e foi
assim que, pela eternidade passaram a buscar desesperadamente sua cara
metade".


É óbvio que o trecho acima é uma licença poética com o drama do Deus
olímpico, ameaçado em seu poder pela força e beleza daqueles Titãs que
percorriam a terra.

Porém, ao ver o trabalho dos artistas Adriana Dacache e Rodrigo Núñez,
intitulada: TRABALHO DE CASAL a pergunta que resta é:
Onde termina um e começa o outro?

Se partirmos da premissa que a arte é também tentar ocultar o óbvio,
topamos com a primeira armadilha proposta ao julgar que conhecemos a
temática de cada um. Além do que, não trata-se de uma exposição
"romântica" de uma dupla referendando o amor. Não que este seja
ausente no conjunto, mas (para mim) o problema da identidade resta
como a "brincadeira suprema" desse trabalho. Afinal, os barcos são
Adriana e as Madonas são Rodrigo? Além do que, a armadilha é tão bem
urdida que, a unidade que resta à primeira vista, deixa realmente o
espectador (principalmente quem os conhece) confusos. Uma sacada muito
boa, esse aproveitamento público do espaço íntimo do casal. Algumas
obras são de grande dimensão e outras parecem pequenas peças de um
quebra-cabeça esperando para ser montado. As cerâmicas e seu
inevitável apelo tátil parecem ser a pista mais óbvia na elucidação do
mistério. Será?

Resta mergulhar na proposta e deixar ao Titã que é a obra que resulta,
e ver como se dá o encontro dessas metades artísticas.
A Exposição vai até 13/06 na NIETO quadros&molduras. Av. Cel. Lucas de
Oliveira, 432.

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